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Ensinar exige estética e
ética :
Não
é possível pensar os seres humanos longe, sequer, da ética, quanto
mais fora dela. Estar longe ou pior, fora da ética, entre nós,
mulheres e homens, é uma transgressão. É por isso que transformar
a experiência educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar
o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu
caráter formador. Se se respeita a natureza do ser humano, o ensino
dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação moral do
educando. Educar é substantivamente formar. Divinizar ou diabolizar
a tecnologia ou a ciência é uma forma altamente negativa e perigosa
de pensar errado. De testemunhar os alunos, as vezes com ares de quem
possui a verdade, um rotundo desacerto. Pensar certo, pelo contrario,
demanda profundidade e não superficialidade na compreensão e na
interpretação dos fatos. Supõe a disponibilidade à revisão dos
achados, reconhece não apenas a possibilidade de mudar de opção,
de apreciação, mas o direito de fazê-lo. Mas como não há pensar
certo à margem de princípios éticos, se mudar é uma possibilidade
e um direito, cabe a quem muda - exige o pensar certo - que
assuma a mudança operada. Do ponto de vista do
pensador, não é possível mudar e fazer de conta que não mudou. É
que todo pensar certo é radicalmente coerente.
Paulo Freire
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